domingo, 22 de fevereiro de 2009

Passeio a Morretes - Pr

Marumbi visto da estrada do Anhaia

Morretes é uma das mais tradicionais cidades do Paraná. Foi fundada em 1733 e se destaca tanto pela beleza quanto pela história.
Nossa família costuma passear na cidade e, no dia 15/02, descemos a serra, mais uma vez, percorrendo rapidamente os 58 km que a separam de Curitiba. Apesar do céu nublado e de uma chuvinha intermitente, as aleluias floridas que enfeitam a serra do mar e as lembranças de outros passeios na cidade já antecipavam um domingo agradável. Ao chegarmos, o movimento no centro mostrava que centenas de pessoas devem ter tido pensamentos semelhantes.

Nesta viagem, porém, nossos objetivos iam além de saborear o barreado, o peixe e o camarão, caminhar pelas ruas históricas e comprar artesanato. Pretendíamos conhecer o Porto de Barreiros e o Anhaia, dois locais que acolheram nossos antepassados ao chegarem ao Paraná no final do séc. XIX.
Próxima à Igreja de Nossa Senhora do Porto, há uma placa indicando o início da estrada para Barreiros. Felizmente, as estradas de terra de Morretes têm muitas pedras de rio, permitindo trafegar sem atolar no barro - e aí temos um trocadilho interessante...

Aproximadamente a seis quilômetros do centro, depois de algumas curvas que acompanham o rio Nhundiaquara, encontramos o porto. Ao longo da estrada, vimos uma igreja (Nossa Senhora Aparecida) e muitas chácaras, algumas com piscinas. O porto situa-se numa curva do rio, ao lado do Iate Clube. Chovia e o local estava deserto, mas a presença de barcos, inclusive uma balsa, indica que ainda há algum movimento, principalmente de freqüentadores do Iate. Uma placa orienta para a velocidade máxima: cinco nós. Perto do local onde os barcos devem atracar, há uma placa de bronze colocada pela Prefeitura Municipal de Morretes, com o seguinte texto:

Porto de Barreiros

Este local foi o ponto de partida para o desenvolvimento do litoral paranaense.

Serviu de ancoradouro dos batelões que faziam transporte de carga do planalto, descendo o rio Cubatão, hoje Nhundiaquara, até o Porto de Paranaguá, nos ciclos da erva-mate e da banana, desde o ano de 1700 até a construção das estradas de rodagem e de ferro.

Aqui também desembarcaram as famílias italianas que tanto enobreceram nossa terra.

Em especial aos meus avós Giuseppe Cavagnoli e Rosa Dalcuche
minha sincera homenagem.

Morretes, 12 de dezembro de 1982.

Sebastião Cavagnoli
Prefeito Municipal

Porto de Barreiros

Essas famílias devem ter permanecido na cidade, ao contrário das nossas, que se estabeleceram em Curitiba depois de terem morado alguns anos em Morretes.
Voltamos para o centro, em busca do caminho para o Anhaia, local onde nasceu meu avô Pedro Borsato. No prolongamento da Rua XV de Novembro (PR 408), encontramos uma placa indicando a estrada.
A Vila do Anhaia integrava a Colônia Nova Itália. Em um mapa emoldurado na porta de uma das lojas de artesanato da cidade, encontramos a seguinte descrição:

Caminho Histórico do Anhaia
A Estrada do Anhaia, antes denominado Estrada do Arraial, nos conduz a lindos recantos. Foi a primeira ligação entre o litoral e o planalto, aberto entre 1586 e 1590. O Anhaia fica a sudoeste da cidade com a estrada margeando o Rio do Pinto. Ao término deste caminho encontramos com suas águas límpidas e cristalinas o maravilhoso “Salto da Fortuna”.

O nome “Anhaia” parece ter origem espanhola, significando “irmã caridosa” (nomes.netsaber.com.br). Minha mãe lembra que meu avô, às vezes, aprontava a mala e dizia, para surpresa da família: hoje eu vou pra Nhanha! Percorrendo o caminho, que tantas transformações deve ter passado ao longo dos anos, não posso deixar de pensar onde estariam as casas dos parentes e amigos que ele visitava.

Provavelmente mais utilizada que a de Barreiros, a estrada de terra está bem conservada, é cortada pela linha do trem e por dois rios, um dos quais com água própria para banho e bom para pescaria. Percorremos poucos quilômetros, observando que há muitas casas, com plantações e criação de animais.

O Google Maps oferece a possibilidade de acessar virtualmente a cidade de Morretes e as estradas que percorremos. No entanto, mesmo num dia em que as nuvens teimaram em esconder o Marumbi, desobrigando-nos de olhar para o alto, nada se compara a ver os diversos tons de verde, lilás e amarelo de tantas árvores, as pedras dos caminhos seculares, a carroça balançando na estradinha, a paisagem bucólica, as pessoas alegres depois do farto almoço, andando e ouvindo a música na praça, em meio às casas coloniais, com o Nhundiaquara acompanhando nossos passos.

Yara